André Brown
Mesmo
que tenham atualmente espaço reduzido na imprensa convencional os cartuns continuam
presentes na crítica política, social e de costumes. Cabe aqui definir o que é cartum:
o cartum é uma
anedota gráfica; seu objetivo é provocar o riso do espectador. E como uma das
manifestações da caricatura, ele chega ao riso através da crítica mordaz,
satírica, irônica e principalmente humorística, do comportamento do ser humano,
das suas fraquezas de seus hábitos e costumes. (...) O termo cartum origina-se
do ing. cartoon, cartão, pequeno
projeto em escala, desenhado em cartão para ser reproduzido depois em mural ou
tapeçaria. A expressão, com o sentido que tem hoje, nasceu em 1841 nas páginas
da revista inglesa Punch, a mais
antiga revista de humor do mundo. (...) No Brasil, foi a revista Pererê de
Ziraldo, edição de fevereiro de 1964, que lançou o neologismo cartum (BARBOSA;
RABAÇA, 2001, p. 112-113).
O ano de 2019 marca o cinquentenário da fundação do jornal de humor “O Pasquim”, publicação
icônica da imprensa alternativa brasileira que publicava caricaturas, charges, cartuns
e que se tornou uma trincheira na luta pela
democracia. “O Pasquim” fez parte do ciclo da imprensa alternativa contra a
ditadura, resistência cultural que iniciou com a revista “Pif-Paf” publicada por Millôr Fernandes em
1964. Fundado em 1969 “O Pasquim”, durante 22 anos de publicação, reuniu vários cartunistas brasileiros.
Ao
longo do tempo, a linguagem do cartum conquistou o teatro, os programas de Tv,
o cinema, os desenhos animados, a literatura para crianças e jovens, os games, a publicidade e o mercado de
entretenimento.
Atualmente, com a existência das mídias digitais e da conectividade ubíqua, os cartuns e suas
personagens são utilizados com frequência em
redes sociais, e-books e blogs.
No
dia 5 de janeiro foi lançado o jornal de cartuns “+Humor” por cartunistas
editores, alguns deles remanescentes de “O Pasquim” e de outros jornais e
revistas de circulação nacional.
Os
cartunistas idealizadores do jornal “+Humor” optaram por fazer jornal impresso de
cartuns em formato tabloide para distribuição gratuita. Fazer
circular os cartuns em um “jornal de papel” parece uma escolha inusitada em
tempos de mídias digitais, porém a materialidade do impresso permite ressignificar os
usos do jornal ao ser manuseado para leitura e práticas de desenho em
atividades pedagógicas, workshops, exposições,
e eventos culturais.
As
linguagens desenhadas como a do cartum geralmente têm seus elementos utilizados
em diversas elaborações culturais em diferentes mídias. Basta que os produtores
de linguagem, os cartunistas, os editores tenham alguma nova motivação ou
perspectiva de utilização e ainda será possível encontrar maneiras inovadoras
de fazer uso dos cartuns, de seus elementos visuais e narrativos.
Referências:
BARBOSA, Gustavo; RABAÇA, Carlos Alberto. Dicionário de comunicação. 2.ed. Rio
de Janeiro: Campus, 2001.
PIF-PAF DE MILLÔR RENOVA O HUMOR E A CRÍTICA.
Disponível
em: <http://memorialdademocracia.com.br/card/pif-paf-de-millor-renova-o-humor-e-a-critica?fbclid=IwAR05B6YVJxzjgoxB9L87R9l0n9gSDjXV8y9kaUSl0LFOhWDoDxYX3V1Mtus>.
Acesso em 08 ago. 2019.
VIDIGAL,
Enize. Nasce o jornal +Humor, o único
impresso de charges do país. Disponível em: <https://www.oliberal.com/cultura/nasce-o-jornal-humor-o-%C3%BAnico-impresso-de-charges-do-pa%C3%ADs-1.57375>.
Acesso em: 08 ago. 2019.
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